terça-feira, 15 de julho de 2014

Pérolas da maternidade precoce

Estou fazendo comida, Pietro na cadeira de balanço, Sarah me ajudando e entretendo o irmão.

- Mamy, eu sou a Mamy do Peetus agora.
- Ah é? Então cuida direitinho dele porque ele ta começando a querer chorar.
- Peetus, olha pra mim! Não chora! Eu to aqui! Sou sua mamy! Quer mamar? Ah não, não quer não. Filhinho, não chora! "Se essa rua se essa rua fosse minha...." Ai minha nossa.... Mamãe, ele não ta parando de chorar! Aaaaaaah, cansei, sua mãe é a Luciana agora.



domingo, 6 de julho de 2014

Pérolas aquáticas

Sarah, brincando de balançar na rede com a vovó e o vovô as balançando, após ver o filme "RIO":

- Sarah, você vai para o Rio com a mamãe, o papai e o Pietro?
- Vou sim
- E você vai de avião para o Rio?
- Não vovó, vou de barco.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Pérolas de uma ogrinha

Sarah quando vai na vovó Marlene não vê a hora de terminar de comer a comida para comer laranja e mexerica. Dessa vez ela comeu por volta de 4 laranjas lima! Temendo um desastre fecal, a vó logo alertou:

- Sarah, pronto, agora deu a cota!
- Isso! Agora a torta! agora a torta, né vovó?!


sexta-feira, 27 de junho de 2014

Essa tal entidade

Certa vez o Cacá, pediatra da família, disse que os bebês tem os peitos da mãe como uma entidade. Acho que isso deve permanecer para a vida toda!

Hoje estava me trocando na frente da Sarah, tirei a blusa e ela ficou olhando fixamente para os peitos.

-Mamãe...
- Oi Sarah...
- É muuuuuuuito peciosas seus peitos.... Eu amo eles.

Já posso desmaiar numa nuvem de algodão doce?

quarta-feira, 25 de junho de 2014

FRAN-SEIS

- Sarah, vamos tomar café da tarde/ Tem o pão de cenoura que a mamãe fez.
- Não quero pão de cenoura, quero pão ôto.
- Que pão? Ah! o pão francês?
- Não, só quero dois, mamãe.

Pérolas alimentícias

Ontem fiz as contas com a Sarah e disse pra ela que falta 4 meses para seu aniversário de 3 anos.

-mamãe, meus amigos vem no meu nivisario?
-vem sim!
- eles vão trazer bolo, suco.....
- e o que mais?
- pêra, maçã, uva e água! E arroz também!

Viva a boa alimentação que predomina!

terça-feira, 24 de junho de 2014

Pérola a la Chaves

Coloquei Pietro pra dormir lá em cima no quarto, com 3 meses ele já não dorme mais em qualquer canto, com barulho. Mesmo assim ele anda com sonecas de 10(!!!) minutos (ai, esses saltos de desenvolvimento!!!)

- Sarah, a mamãe cai arrumar a cozinha rapidinho, qualquer barulho você me chama!
(Pausa dramática de 3 segundos)
- MA MAAAAAAAAE!
- O que foi???
- nada, eu só chamei!

terça-feira, 17 de junho de 2014

Repensar e pensar e novamente pensar.

Pensar. É o que mais tenho feito desde que me tornei mãe, além de cuidar. 
E hoje aqui onde estou me vejo obrigada a repensar. Ainda não entendi muito bem no que, e como, mas alguém lá em cima está movendo o mundo pra remexer aqui dentro. 
Eu sei que eu preferia estar lá no meu lar, com os dois. Talvez reclamando um pouco demais do cansaço e da correria, e talvez seja por isso que esteja aqui. Não como castigo, apenas para pensar. Pensar favorece a mudança, e céus, quanta mudança já aconteceu e quantas eu quero que aconteçam...
Estilo de vida, meios de vida, locais de vida, a vida. A vida, esse presente. Que as vezes da uma titubeada nas nossas mãos só pra ver como é que a gente agarra ela. O quanto ela vale? A minha hoje vale mais que nunca. Pelos meus filhos, por eles, para eles. Porque a vida deles, camarada, vale algo imensurável. E é assim, convidam a gente a pensar, pra ter e ser algo melhor. 
Meu filho está na uti pela segunda vez. 
Eu estou sem chão mas a cada olhar dele que me procura, para encontrar forças, eu também vou tateando o solo, pra colher essa força ia que a gente acha que não vai dar conta. Só eu posso dar essa força a ele, e assusta. Estou me deparando com a grandiosidade da vida e também a fragilidade dela. E sentimentos que me tomam em uma proporção que não da pra ignorar. 
O controle. Eu estou aprendendo ainda a desapegar. E pensar, e repensar... 

domingo, 15 de junho de 2014

Os peitos.

-mamãe, tuando a Saia quecê, a Saia tem peito!
- é mesmo, igual os da mamãe!
- é, e eu vou dar mamá pu Simão também!
- mas o Pietro já vai ser grande também, não vai querer mamar.
- Ah então eu dou mamá ta minha boneca!

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Sarah e as formigas

Esses dias Sarah em um de seus banhos cheios de historinhas se agachou sentando em cima dos pés e ficou lá um bom tempo. 
De repente assustada ela me chamou:
-mamãe! Me ajude! Tem tumiga no pé!

Eu, que estava em seu quarto guardando as roupas corri pra ajudá-la, ainda tentando entender como formigas iriam parar em seus pés num box molhado... Cheguei lá, nada de formigas.
-sarah, levanta pra eu ver!
- não tunsigo!! Aiaiai! Ta picando!

Levantei ela e entendi... Estava pela primeira vez com os pés FORMIGANDO. 

Passou alguns minutos tentando matar as formigas dos pés...



sábado, 7 de junho de 2014

Vamos postar.

Aí que eu resolvi que facebook tem um monte de coisa legal perdida. E que aqui é um ótimo lugar para escrever grandes e pequenos posts. Porque eu fico ensaiando pra escrever um super post bacanudo  contando o resumo dos últimos tempos, meus grandes pensamentos e filosofias e nunca tenho tempo pra isso. Mãe de dois... Lembra? 
To aqui pensando em transformar esse blog no cantochão das pérolas da Sarah, dos acontecimentos catastróficos e maravilhosos do dia a dia, dos meus pensamentos que eu jogo ao vento, da minha veia ativista, do meu lado mais e menas mãe. Enfim. O que der na telha, afinal esse blog é meu. 

sexta-feira, 4 de abril de 2014

RELATO DE PARTO DO PIETRO

Tive que escrever logo toda essa experiência. Para não perder muitos detalhes. Detalhes ricos, que me fazem mais humana todos os dias.

Apresento então o relato de parto de Pietro.

Bem, a ideia de ter mais um filho demorou para chegar, após um pós parto muito difícil de ser elaborado e vivido. Mas eu sabia que em algum momento essa vontade voltaria, como sempre existiu na nossa cabeça. Não me lembro muito bem como, mas aos poucos fui me sentindo preparada para pelo menos me permitir pensar na ideia. Trabalhando como doula então, a ideia começou a virar desejo. Ver aqueles bebezinhos lindos chegando ao mundo me fez virar a chave de vez.
Começamos então a conversar sobre essa possibilidade. O Ângelo já estava super empolgado!
Concebemos o Pietro na noite do nascimento do Theo, filho da Maiara e do Diego, minha amiga no qual fui doula e acompanhei toda a gestação e finalmente o parto. Um pequeno criado de 4,735kg, que nasceu em um parto super transformador. E que transformou de vez nossa vida. No mesmo dia fui conferir a tabela que tinha no celular que eu anotava meu ciclo e lá apareceu: primeiro dia do período fértil. Um gelo na barriga. Como tenho uma boa regularidade no ciclo sabia que tinha muitas chances de ter engravidado.
7 dias depois eu já estava super encanada e resolvi pedir pra Bia me trazer um teste de farmácia. Na gestação da Sarah descobri 11 dias após a concepção. Para minha surpresa veio um belo negativo – óooobvio- e então desencanei, e com a correria do dia a dia esqueci. Estava começando um tratamento ayurvédico com a Ju, minha profa de Yoga, uma dieta desintoxicante e muitas coisas sendo elaboradas. Os dias passaram e uma semana antes de menstruar, tive dois dias de pequenos sangramentos, mas como aquilo já estava rotineiro desde que voltei a menstruar, não liguei. O sangramento parou, e no dia que viria a menstruação ela não apareceu, mas atribuí a toda a mudança alimentar e comportamental da Ayurveda, afinal estava mudando radicalmente minha rotina.

3 dias depois no atendimento com a Ju estávamos combinando a próxima etapa do tratamento que não poderia coincidir com a menstruação, foi então que ela perguntou quando seria e eu respondi que estava atrasada. Eu já havia falado pra ela que era possível uma gravidez por aí, mas ambas já nem cogitávamos mais a ideia. Na hora da massagem, assim que ela encostou a mão na minha barriga, no útero, eu senti aquele pesinho, típico de início de gravidez. Estava sentindo algumas coliquinhas também, parecidas com as menstruais. Tudo foi se ligando, e eu disse: To grávida. Combinei de passar na farmácia comprar o teste. No caminho liguei para o Ângelo, que estava viajando, e contei. Ele ficou super animado e eu me perguntando de onde vinha toda aquela felicidade... Estava confusa, eu não sabia muito bem se estava na hora mesmo. Estávamos naquela época boa, em que a Sarah já dormia a noite inteira e pelo menos uma vez por semana a gente passava a madrugada bebendo vinho. Cheguei em casa, sozinha, Sarah na escola, fiz o teste, e, pela segunda vez na vida, chorei aquelas lágrimas de felicidade, de medo, de pavor, de amor. Lá estava o Pietro. Assim que fiz corri ligar para o Ângelo, e desabei de chorar, de soluçar. Ele me acalmou, me confortou. Não queria contar para ninguém da nossa família antes dele chegar, e faltavam mais alguns dias.
Passei algumas semanas sem ter sintoma algum, mas quando eles vieram foram todos de uma vez. Doular com toda aquela enxurrada hormonal era muito cansativo, mas ao mesmo tempo era uma sensação muito diferente, mais pura, não sei muito explicar, mas lotada de intuições.

No meio disso tudo, passei pela pior experiência do mundo doulando. O falecimento de um bebê. De uma amiga minha muito querida. Fui sua doula. Por ser minha amiga, por ser doula, por estar grávida, queria acolhê-la, mas de que forma? Tive muito acolhimento, mas a partir de então passei uma gestação cheia de medos, dia após dia trabalhando para elaborá-los, aceitá-los, vivê-los e uma hora, me despedir deles. Eles me acompanharam até o momento do nascimento do Pietro, e até um pouco mais.
Quanto ao parto, assim que a Sarah nasceu eu tinha certeza que se houvesse um próximo filho, ele nasceria em casa. O ambiente hospitalar já não fazia mais sentido para mim.. Antes de saber que estava grávida tivemos esse papo em casa, e foi na época do lançamento do filme “O Renascimento do Parto” Fomos assistir, e, chocado, o Ângelo saiu de lá dizendo que não iríamos mais para um hospital parir se não fosse necessário.

Bem, marcamos  nossa primeira consulta e escolhemos nossa parteira. Ela parecia perfeita para o que procurávamos em termos de assistência ao parto domiciliar, além de já ter atendido parto com ela. Ana Cris era nossa escolhida.
Durante toda a gestação segui fazendo yoga e atendimentos individuais corporais, o que me deu muito suporte para tanta coisa acontecendo. Foi uma gestação saudável porem cheia de desconfortos, que aumentavam pelo fato de já ter a Sarah para cuidar. Sentia que precisava me poupar o tempo todo. Talvez instinto. Meu corpo mandava e eu obedecia. Foi também uma gestação mais “reclamona”, mas eu prefiro chamar de verdadeira, autêntica. Chorei, briguei, descansei, pedi tudo que tinha direito. Me encontrei.

Volta e meia me batiam medos de precisar que o parto fosse hospitalar, e o que mais me rondava era por parto prematuro. Não sei se eu já sentia, e me lembro que no meu primeiro USG a médica me perguntou se o parto anterior tinha sido prematuro. Respondi que não e ok, não a questionei sobre. Passei a gestação cheia de dedos, poupava energia e esforço sempre que podia, até para fazer cocô eu ia com cautela... Ah, intuições...

Com 35 semanas eu tinha um workshop em Ubatuba, “Os 7 segredos do parto”. Era focado também para doulas, mas sentia que precisava ir como gestante. O dia chegou e não conseguimos ir para o primeiro dia. Tudo, absolutamente tudo aconteceu. Senha do banco bloqueada, pagamento atrasado, e mil e outras coisas impediram a gente de ir. Mas insisti em ir no segundo dia, eu realmente precisava encontrar alguma coisa por lá.
Fomos, e enquanto o workshop rolava, o Ângelo e a Sarah foram passear na cidade. Recebi massagem e carinhos de todas as formas. E entendi o porque eu precisava estar lá. Aceitar. Aceitar que não estava no meu controle. Que dali pra frente eu só precisava me entregar, dizer sim e me despedir do que não era meu, do que não dependia de mim.
Em meio a perguntas e respostas, contrações de BH toda hora, Pietro estava transverso e senti que era por isso. Respirei, me alonguei, fui molhar o pé no mar e ele se reposicionou. Ainda brincamos que se eu parisse lá, doula não faltaria! Mas essa brincadeira no fundo me dava medo, uma sensação de que poderia acontecer mesmo.
Acabou o dia, fomos para o hotel e uma chuva torrencial caiu. Pedimos pizza, comemos, tomamos banho e nos deitamos. Fiz a Sarah dormi na cama de casal, mas fui dormir na cama de solteiro, estava com a sensação de estar do tamanho de um elefante. Quando estava pegando no sono profundo ouvi um plaf. A Sarah se espatifou no chão e chorou muito, colo do pai não adiantou, trocamos de lugar e fui acolher minha bichinha. Deitamos e comecei a sentir uma contração atrás da outra, fiz xixi pra ver se passava, se era bexiga cheia. A Sarah acordou e foi junto comigo. Começou a me dar dor de barriga, achei que fosse a pizza que não tinha caído bem. E contração. Saí do banheiro, a Sarah estava meio agitada, não conseguia dormir, e eu, apesar de podre de cansada, afinal tínhamos passado uma semana doentes, mais todas essas loucuras do fim de semana, estava agitada também. Deitamos e, magicamente, ela entrou em sono profundo. Eu fechava os olhos e  o sono havia ido embora. As contrações de BH pararam, achei que era a indisposição mesmo e fui relaxando. Até que... um rodopio da cabeça do Pietro e ploft! Um tranco. Um tranco? Como a cabeça no líquido pode dar um tranco desses? Deus, me diga que foi um tranco grotesco. Contando... 3..2..1..... xxxxxxxxxx

Líquido quente escorrendo. O xixizinho já tão conhecido, igualzinho ao da gestação da Sarah.
Nãooooo!!!!! Não! Isso não está acontecendo, meu Deus! 35 semanas e 3 dias, prematuro, hospital, não... 

Calma, respira e vai no banheiro, talvez seja um sonho. Não era. Continuou a escorrer. Chamei o Ângelo, e assim como no da Sarah, mesmo agora sendo inesperado, agiu com calma, me trouxe calma na medida do possível.
-Calma, o que você quer fazer?
- Quero ir embora.

Mandei mensagem para a Ana Cris, para a Mariana, para a Dolores.
- Foi só uma rotura alta. Estamos subindo pra São Paulo.
Saímos meia noite e meia do Hotel, o pessoal sem entender nada. Sarah dormindo profundamente, a chuva torrencial lá fora, e nós. No carro, rumo ao sabe-se lá o que.
Chorei, como chorei! Naquela altura já não me importava onde seria o parto, o medo de não ser mais em casa já havia passado, havia algo muito maior para pensar. Mas num cochilo, ainda mentalizei o líquido parando, e eu permanecendo de repouso até o termo. 5 minutos depois uma pressão, uma vontade de levantar do banco. Paramos em um posto e assim que levantei... CHUÁAAAAAAA..... Bolsa rompida. 

Respira mais um pouco, chora mais um pouco. De uma hora para outra já não sabia mais as condutas certas a tomar. Ser doula já parecia não fazer parte de mim, parecia que eu não sabia mais. Conversei com a Dolores e ela me disse para ir ao hospital fazer um cardiotoco e exames para ver se não tinha nenhuma infecção. Usamos o caminho todo para ir processando a logística toda. Arrumar malas, roupas que nem havíamos comprado, nada pronto. Sarah dormindo. Vamos para a casa primeiro, precisamos dormir, não aguento um TP desse jeito. Amanhã de manhã vamos ao hospital. Tive por uma hora e meia contrações regulares, de 5 em 5 minutos, sem dor, mas que pararam ao sair do carro. Fomos dormir, eu estava acabada. Acordei desejando ser um sonho ainda, mas vi que ia ter que encarar. Liguei para minha mãe e contei, da maneira mais suave e calma possível, que seu segundo netinho ia nascer, e que eu precisava da ajuda dela em casa com a Sarah enquanto a gente se organizava.
Um parênteses: Na última aula de yoga, fizemos uma visualização do parto. Não saía do mesmo lugar, e a única coisa que conseguia visualizar era que eu precisaria da ajuda da minha mãe quando a coisa começasse, quando a bolsa estourasse. E eu sempre disse que não ia avisá-la até ele nascer, e ela sempre pediu para só avisar quando nascesse. Mas eu sabia. Ela sabia. Estávamos lá, juntas.

O Ângelo saiu para comprar café da manhã, e eu fui arrumar as poucas roupas que o Pietro tinha, doadas pela Bia e pela Elisa. Arrumei documentos, câmera fotográfica. Tudo o que lembrei. Estava com fome mas nada que comia me satisfazia, nada era muito bom e apetitoso. As contrações começavam e paravam totalmente. Decidi que precisava fazer aquele TP começar sozinho, já que a indicação era indução e monitoramento.

Colocamos um pen drive que escutamos com a Sarah no quarto dela, e no meio da correria fui tentar relaxar. Mas a Sarah estava agitada, queria brincar, queria pular na bola, então decidimos que seria melhor ela ir para a minha mãe. Nos despedimos e fomos nos concentrar. Fiquei encostada na bola enquanto o Ângelo me fazia massagens. Conversamos, chorei mais, deixei meu corpo ir aceitando no tempo dele, se entregando no tempo dele. Nos deitamos e ali começaram as contrações. Monitorei por uma hora e elas continuaram. Sem dor quase. Mais 15 minutos e elas começaram a ter alguma dorzinha. Falei com todas e achei melhor irmos. Parecia que ia evoluir rápido. Ao mesmo tempo tinha medo de parar tudo de novo, de eu chegar lá e ficar tensa com o hospital e precisar induzir, já que chegando lá com certeza não sairia mais sem o Pietro. Confia! O Pietro quer chegar, e ele mal esta se importando com as semanas, com o local.
Nos despedimos mais uma vez da Sarah e dos meus pais (meu pai já estava desesperado, achando que a gente era muito calmo, tudo o que ele tinha visto no Renascimento do Parto ele esqueceu kkk). Minha mãe ainda fez uma brincadeira: - Imagina se vocês encontram a Cris e o Renato lá? A Cris já estava com 38 semanas, o Renato é nosso amigo e padrinho da Sarah. Fizemos até um chá de bebê juntos, temos todos uma ligação muito forte.

No caminho as contrações continuaram, média de 6 minutos, e a intensidade também foi aumentando, mas muito tranquilo.
Chegamos no hospital e combinamos de nos encontrar, Mari e Dolores, na recepção do São Luis. Entramos e fomos para o outro lado da recepção. No meio de uma contração olhei para a frente e entrei em choque: Os pais da Cris sentados.
Oi? Como? Fui falar com eles e descobrimos que o Gabriel tinha acabado de nascer, as 14h, eram 16h. Eles estavam esperando apenas para subir visitar. Comecei a chorar de emoção, pela vida, pelas voltas da vida, pelo destino. No primeiro dia que nos encontramos grávidas no primeiro trimestre brincamos com essa possibilidade. Há poucos minutos minha mãe também havia falado. Só de lembrar eu me arrepio inteira. O pai da Cris ligou no celular do Renato e o Ângelo falou com ele. Mas ele pareceu não ter entendido que estávamos lá para o Pietro nascer também!

Nos despedimos deles, ainda com o coração fervilhando com tanta intensidade de acontecimentos e encontramos a Dolores e a Mari. Subimos para a admissão enquanto o Ângelo fazia a parafernalha da ficha. Assim que deitei na maca para o cardiotoco e toque as contrações ritmaram de 2 em 2 minutos. Tudo ótimo, um alívio imenso de saber que meu Pietro estava bem, vamos para a sala. Entre uma enfermeira e outra eu brincava (algumas delas eu conhecia por atender partos lá): - Já viu uma doula parindo? E fazia auto massagem e me mandava relaxar, respirar... A gente ria muito, e eu adorava brincar com isso, tornava o momento mais leve.

O Ângelo estava tranquilo até demais. Tanto que me ligou falando que ia lá dar uma passadinha no quarto da Cris antes de ir me encontrar. – tá doido? Vem pra cá que tá aumentando rápido.



Eram 17h e pouco quando chegamos na sala. Entrei na banheira, a vida ficou florida. Ahhhh Deus, como era bom.  Tava começando a doer de verdadinha. Depois de um tempo lá percebi que as contrações deram uma espaçada, mas fiquei na minha, queria esse tempo para me recuperar. Até que elas perceberam também e vieram me sugerir para sair um pouco. Foi tirar a bunda da água que elas começaram de 2 em 2 minutos de novo. Não precisava fazer nada demais. Só tê-las fora da água. Precisava muito do Ângelo. Ele foi minha força extra, o amor da minha vida toda naquele momento. Dei algumas patadas nele por conta disso, quando ele se afastava eu ficava insegura.  Mas foram patadas do bem.

Continuamos. Bola, vaso sanitário, e no meio de cada contração uma história boa de ser contada, de ser vivida, uma piada, uma música, Ângelo nos matando de rir imitando as Chacretes. Poderia ficar ali naquele clima de festa, de comemoração muito tempo ainda... Ops. Nem tanto. Até então respirar e me concentrar na respiração nas contrações estava fazendo efeito, já tinha experimentado vocalizar, mas aquele parto estava pedindo mais silêncio, mais pranayamas. Lá pelas 21h30 eu comecei a sentir vontade de empurrar nas contrações. Não eram puxos mas era um alívio imenso empurrar. Sentada no vaso, a Mari puxava meu quadril com o rebozo e o Angelo segurava meus braços para me dar suporte. Estávamos entrando de fato na fase ativa do TP. De fato em TP.


Dançando à la Chacrete
22h.Toque, 6 cm, Pietro baixinho, por isso a vontade de empurrar. Quando eu não conseguia me concentrar no início das contrações, meu Deus, que tortura passar por elas...Socooooorro! Alguém me tira daqui! Não conseguia respirar, não conseguia achar onde empurrar direito, era tudo meio torto. Até que precisei voltar para a água. Ângelo e  Mari subiram para comer algo, e apesar de ter a Dolores do meu lado, ele me fazia falta. Ali, naquela altura, só me assistiam. Eu fazia massagem na minha lombar no final das contrações, e segurava o rebozo nas contrações. Pensei: “se ficar mais forte que isso eu vou morrer! “.....Opa! Quando a gente pensa que não vai mais aguentar é porque está no fim. Viva! Mas, tão rápido assim?

Eles voltaram e consegui finalmente voltar a me concentrar melhor. Talvez estivesse com medo de me entregar e o Pietro nascer sem eles lá, era bem possível.
Expulsivo























Já estava fazendo 23 horas de bolsa rota, e como era um parto prematuro conversamos sobre a possibilidade de eu tomar antibiótico, eu aceitei. Assim que aplicado, os puxos começaram de vez. Fiquei com medo. Comparei com o da Sarah. Me parecia mais dolorido. Esquece, Luciana! Você está no parto do Pietro, se joga, energia! Respira e encontra essa energia que só um puxo de parto pede e oferece para você.

As meninas me lembraram de tentar sentir o Pietro. Coloquei os dedos e de repente, encontrei sua cabecinha! Descendo, ainda um pouco longe, mas era ele! Nossa, como me deu forças! A cada contração difícil que passava eu o tocava para me lembrar que ele estava de fato lá e que estava chegando. Mais algumas poucas forças e foi ficando cada vez mais incontrolável, e mais eu precisava ter controle. Está ardendo! Já? Tão perto assim? A Dolores me ofereceu para ver no espelho. Assim que passou a contração eu olhei, mas logo veio outra e eu pedi para correr com aquele espelho dali! Fui acariciando sua cabecinha que aos poucos chegava, respirava para não empurrar de uma vez, para ele chegar devagar, sem lacerar. Dolores olhou para o Ângelo e perguntou: -Você quer pegá-lo?
-Pegar quem?
Ahahhahahahaha, ele ficou desnorteado, com a pergunta, andou um pouco e voltou com as mãos prontas para recebê-lo.

Ao som de Isadora Canto, nosso pequeno chegou.

“É a hora esperada, vamos nos conhecer.
Vou olhar em sua alma e amar-te ainda mais.
Agora quero ver você nascer,
Agora somos eu e você!
Vamos nos preparar, o momento vai chegar,
O momento vai chegar,
Nascer.”


O Ângelo o segurou firme e me entregou. Todos em silêncio.
Dei boas vindas, o abençoei.
Ele deu apenas um gritinho, e tudo silêncio. Beijos, muito carinho.

Nosso pequeno prematuro nasceu com APGAR 9/10, 3.090Kg, 48,5 cm, procurou peito sozinho, mamou quase 2 horas seguidas. Capurro de 36+3, como o ultrassom.


Apesar de tudo ter ido maravilhosamente bem, nosso pequeno ficou 3 longos dias na UTI. Na tarde seguinte ao seu nascimento ele apresentou uma queda de saturação, um desconforto respiratório. Levaram nosso menino para uma série de exames. Vivemos uma luta de UTI, de conquistas em cima de conquistas, de plantão em cima de plantão, muita persistência por NOSSOS direitos. Sarah só conheceu seu irmão em casa, quando, junto com a minha alta, ele também teve a dele. Ela foi me visitar, mas o bercinho estava vazio. Um vazio, uma vontade enorme de juntar os dois e sair correndo para a casa. Chorava por ele, chorava por ela... Que saudade da minha menina, agora irmã mais velha... 

Gratidão, entrega, empoderamento, aceitação são as palavras dessa jornada. E o amor regeu todas elas.
Agradeço imensamente ao meu marido,  seu amor e confiança me trazem vida, me ajudam a dar amor, a respirar amor.

Dolores, Ana Cris, Mariana de Mesquita, Anna Gallafrio, participantes do workshop “Os sete segredos do Parto”, que me mandaram uma corrente tão boa que pude sentir a todo momento, Flávia Tavares, Cirandeiras, Materna em Canto, amigas virtuais, amigas de longa data, Bia Takata, Thati Menendez, Ju Zanella, nossa família, agradeço a cada mulher que doulei, me lembrei um pouco da força de todas no meu momento. É muita sorte ter um círculo de gente do bem como temos. Muito, muito obrigada por estarem presentes de alguma forma.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Tlinta e tlêis

Chegamos às 33 semanas. Tá mais fácil que eu imaginava, mais difícil que eu gostaria.
Mas como não temos controle de muitas coisas na vida, tenho um saldo positivo.
Corpo sem dores e incômodos, algumas contrações de braxton hicks, e a desconfiança de que dessa vez vamos passar o marco de exatas 38 semanas de gestação, como foi a Sarah. Não tem como não comparar. Com 33 semanas exatas da Sarah fizemos nosso chá de bebê e  a partir desse dia eu passei a sentir as contrações mais intensas, algumas acompanhadas de cólicas. Hoje eu nem sinto o cheiro das cólicas ainda.
Algo que me afeta e dificulta muito é minha interação com a Sarah. Cada dia mais ela exige mais em novas brincadeiras, em novos desafios, e eu cada dia mais tenho limitações de movimento. Agachar para mim é uma delícia, se as brincadeiras ficassem lá no chão, mas né.. realidade totalmente diferente. Corridas de trinta segundos eu aguento. Uma só. E claro, ela não quer uma só. Final do dia eu estou só o caramelo. E confesso que abala emocionalmente, mais que fisicamente. O colo não a aconchega mais, tem uma barriga que se move no meio de nós duas. Dormir agarrada é sinônimo de em algum momento levar um chute e perder a graça. Pensamentos de como dar conta, uma saudade de brincar com ela dando tudo de mim, que nem criança.
Nos meus momentos de respiro, como agora que o Ângelo foi levá-la para dormir, tento dividir meus pensamentos e atividades entre pensar e fazer coisas por mim e também curtir o Pietro. Geralmente nos momentos meus eu uso para elaborar toda essa avalanche emocional que anda me arrebatando cada dia mais, e me renovo. Sei que, de coração, estou me preparando para dar o maior presente que a Sarah poderá receber. Sei que dar a luz novamente vai me trazer mais uma avalanche de medos e aprendizados necessários. Sei que mais uma vez vou transcender meus limites, e com eles, ser uma pessoa melhor. Sei que dia após dia já transcendo limites corporais, espirituais, emocionais. Estou a cada dia mais perto de me despedir de ser mãe exclusiva da Sarah, e que isso sendo encarado por mim com leveza, transmitirei a mensagem positiva para ela.
Medos, vários deles.. mas a famosa frase do "vai com medo mesmo" me move mais que nunca. Tive experiências profissionais e pessoais durante a gestação que me abalaram profundamente, vi as piores mínimas estatísticas acontecerem diante dos meus olhos, presenciei e vivi muita dor, luto. A cada dia que passa da gestação eu me firmo mais em minhas convicções, que se não fossem verdadeiras, já teriam me levado pro fundo do poço. Mas tenho medos, vários deles.

Os dias vão se passando e eu vou me aninhando, e em certo nivel está me preparando para algo que somente eu e minha família vamos viver. E não faz sentido agregar o restante nesse processo, não neste momento.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Carta ao Gabriel (ao Pietro e a mim mesma)

Olha, Pietro nem nasceu - SIM, É UM MENINO! E eu mal consigo lembrar de postar no blog. Vida corrida? Nem tanto. Mas coisas e coisas vão surgindo na frente. E eu sumo do blog. Aqui me faz muito bem, é um lugar meu. E eu tô muito nessa vibe de um lugar meu. Divagando esses últimos dias até onde é se recolher e onde é se isolar. Mas o fato é que não estou muito sociável nessa gestação não. Eu até tento, mas estou gostando de me descobrir, ficar no ninho com a família. As vezes até me sinto aqueles senhores que tem seus horários e rotinas e odeiam mudá-los. Tá, vai, nem tanto... Ter uma filha de 2 anos e 3 meses e uma barriga que cresce a cada dia não me permite lá ter muita rotina. Só que estou achando mais interessante descobrir meus próprios desejos, sem certo e errado, medir esse "certo e errado"  apenas pela minha paz de espírito.

Mas o fato é que eu deixei o blog e agora to com assunto acumulado até a tampa. Vamos aos pouquinhos e chegamos lá. 

Esse fim de semana finalmente saímos de Sampa e fomos para o sítio do Renato - nosso amigo do teatro e também padrinho da Sarah - junto com os outros amigos do teatro. o Renato também terá um filho, o Gabriel, junto com a Cris, e a DPP é muito próxima, ela está com 2 semanas e meia a mais que eu. 
Resolvemos manter a tradição e fizemos um chá de bebê no sítio, dessa vez para Pietro e Gabriel. Foi um fim de semana bem marcante. A Sarah foi pela terceira vez no sítio - ops, quarta! fizemos seu chá de bebê lá também em 2011 - e dessa vez aproveitou como nunca. Comprei uma boia de braço para ela, e aos poucos ela foi se familiarizando com o trambolho. Ela sempre sempre amou piscina, é incrível ver a empolgação dela dentro de uma. E não é qualquer uma. Tem que ser as fundas, grandes, com emoção please. Já mesmo no sábado quando chegamos, em poucas horas de "treino" ela aprendeu a nadar - com as boias, claro - com muitos engasgos, águas engolidas e cuspidas lá foi nosso peixinho aprender a bater os pés. As vezes, varias vezes, se empolgava e gritava de felicidade e lá vai mais uma engasgada fenomenal, mas sem medo, sem choro. Acabou o dia e ela estava acabada, mas com tanta novidade, tanta música, tanta gente, ela segurou o sono até onde pôde. Todos juravam que, quando ela deitasse, ia capotar até o outro dia. Eu tinha o pé atrás, e confirmei minha dúvida. Enquanto todos faziam a balada lá do lado de fora eu e a Sarah tivemos nossa balada particular. Ela acordou várias e várias vezes como um bebezinho que está em salto de desenvolvimento, chorou , agitou os pés, chamou pela tia Helen, pelo papai, pela piscina. Eu também era assim quando pequena, não conseguia dormir bem depois de nadar muito. E ela teve um aprendizado bem significativo. Fomos dormir as 2h de verdade e acordamos as 7h. Casa vazia, tomamos nosso café e lá fomos nós para a piscina. Sozinhas e felizes. Ela nadou uma piscina inteira buscando meus braços, e foi mais emocionante do que vê-la aprender a andar.

Aos poucos as pessoas foram acordando e a tarde fizemos o chá de Gabriel e Pietro. Cada um apresentou ou improvisou algo artístico para nós. Foi muito especial. Como grávidas que se prezem choramos feito crianças. Eu também apresentei um texto que escrevi no sábado a noite, em uma das poucas meias horas que a Sarah dormiu sozinha no quarto. Foi um texto que me ajudou muito a botar pra fora e não enlouquecer no meio de tanta gente que não fazia ideia do sono, cansaço físico, e solidão que rola num lugar onde só você é mãe. Escrevi esse texto para mim e para a Cris, que em breve estará na mesma que eu. E escrevi para relembrar que eu sou muito muito feliz com todas as minhas escolhas.
Vou transcrevê-lo para cá:
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Hoje a única coisa que me diferencia de todas as outras mulheres aqui presentes é a maternidade. A que mais está perto de "me entender" no que vou dizer aqui é a Cris, mãe do tão esperado - talvez esperado a vida toda - o Gabriel.
Então é para vocês dois principalmente que hoje eu falo.
Não, eu não vou te iludir, dizendo coisas lindas em torno na maternidade. Não vou te falar sobre harpas tocando pelo fato de ter um filho.
Te direi que é bem possível que você não se sinta mãe imediatamente após o parto, e que isso é normal. Pode ser que você se sinta um bicho parindo ( que é o que realmente você é) e um bicho ainda mais feroz e ainda maior segurando seu filho nos braços, mas que pode ser que você não queira, nos próximos meses, nomear isso de amor. E tudo bem.
Você tem o direito e sentirá muitas vezes muita raiva da demanda dele. Vai desejar enfiar ele pela vagina adentro, pra voltar pra barriga, sem choros e mamadas que nunca cessam.
Vai querer voltar no tempo onde não tinha hora para acordar. 
Vai olhar em sua volta, seus amigos sem filhos e se sentirá um ET, fora do ar e sem tempo de prestar a atenção numa conversa de um minuto, e não terá muitos assuntos em comum. terá raiva deles também, quando reclamarem que estão com sono porque foram para a balada no dia anterior, encheram a cara e dormiram "SÓ" 6 horinhas.
Se olhará no espelho e não se reconhecerá por um bom tempo provavelmente.
Vai se sentir como se fosse 2 tetas ambulantes, que jorram leite e mancham suas roupas de estimação.
aos poucos vai desapegar da vida material.
Vai desapegar de banhos decentes, dentes escovados a cada refeição e cabelos penteados.
Mas te direi que você nunca esteve tão linda. Uma mulher que está despida de todas as regras e deveres da sociedade, que é ela na sua essência, que se permite viver tudo isso, é uma mulher de verdade, verdadeira, é a mulher essencial.
É a mulher que não tem medo de cara feia, não tem medo de perder amigos e parentes, nem ninguém por ser ela mesma.
Porque o que ela precisa está ali, no seus braços e na sua alma.
É o que importa, o resto do mundo fica pequeno diante da grandiosidade de ser você mesma. Graças ao Gabriel.
Criar uma pessoa, parir, gestar (não necessariamente na ordem, isso acontecerá daqui pra frente pela vida toda).
Não é nada nada fácil, nada se compara no mundo, por isso é uma realidade que só quem é mãe tem a bênção de entender. 
Você vai se pegar várias vezes falando com Deus através do olhar de seu filho. E vai se perguntar como pôde ter a capacidade de fazer algo tão belo.
Vai ter a oportunidade de dormir mas vai se pegar admirando cada parte do corpo dele. Você vai chorar lágrimas doces. Vai acordar amando cada dia mais e isso nunca vai parar, mesmo quando parecer impossível.
O amor verdadeiro é aquele não tem condições para ser, e que você pode deixar caber todos os outros sentimentos sem medidas e sem esconder do ser amado.

Gabriel, nascer não é fácil. É um dia muito cansativo, quase o fim do mundo. Mas não se assuste, tenho certeza que no fim do túnel sua mães estará a postos para te acolher. Você vai achar sua mãe o máximo do lado de fora. ela continuará sendo seu mundo algum tempo, até que você vai descobrir o restante do mundo. Você tem o direito de chorar e ficar bravo quando alguém quiser tirá-lo do colo da mãe, e pode se revoltar quando ouvir que tal pessoa dorme como um bebê, porque seu sono será leve o suficiente para intrigar seus pais muitas vezes.
Mas aos poucos  eles entenderão que é uma questão de sobrevivência e uma "pitada" de amor puro.
peça colo e muito peito, não deixe qualquer mané tentar convencer sua mãe a deixá-lo desamparado (pode fazer xixi na cara do mané se quiser).
Deixe sua mãe descabelada, ela está aprendendo mais com você do que já aprendeu em toda sua vida.

O resto, bem, o resto você já sabe como faz. Sabe mais que nós, pessoas crescidas e maduras no corpo, mas que deixaram o "ser humano" lá pra trás. 
Revire de cabeça para baixo seus pais, Gabriel, que aos poucos eles descobrirão que o avesso é o lado certo.
Desejo a todos que ainda serão pais, viverem tudo o que vivemos com nossas duas maiores riquezas da vida toda.

Obrigada por esse momento
Luciana Ribeiro.