quinta-feira, 6 de março de 2014

Tlinta e tlêis

Chegamos às 33 semanas. Tá mais fácil que eu imaginava, mais difícil que eu gostaria.
Mas como não temos controle de muitas coisas na vida, tenho um saldo positivo.
Corpo sem dores e incômodos, algumas contrações de braxton hicks, e a desconfiança de que dessa vez vamos passar o marco de exatas 38 semanas de gestação, como foi a Sarah. Não tem como não comparar. Com 33 semanas exatas da Sarah fizemos nosso chá de bebê e  a partir desse dia eu passei a sentir as contrações mais intensas, algumas acompanhadas de cólicas. Hoje eu nem sinto o cheiro das cólicas ainda.
Algo que me afeta e dificulta muito é minha interação com a Sarah. Cada dia mais ela exige mais em novas brincadeiras, em novos desafios, e eu cada dia mais tenho limitações de movimento. Agachar para mim é uma delícia, se as brincadeiras ficassem lá no chão, mas né.. realidade totalmente diferente. Corridas de trinta segundos eu aguento. Uma só. E claro, ela não quer uma só. Final do dia eu estou só o caramelo. E confesso que abala emocionalmente, mais que fisicamente. O colo não a aconchega mais, tem uma barriga que se move no meio de nós duas. Dormir agarrada é sinônimo de em algum momento levar um chute e perder a graça. Pensamentos de como dar conta, uma saudade de brincar com ela dando tudo de mim, que nem criança.
Nos meus momentos de respiro, como agora que o Ângelo foi levá-la para dormir, tento dividir meus pensamentos e atividades entre pensar e fazer coisas por mim e também curtir o Pietro. Geralmente nos momentos meus eu uso para elaborar toda essa avalanche emocional que anda me arrebatando cada dia mais, e me renovo. Sei que, de coração, estou me preparando para dar o maior presente que a Sarah poderá receber. Sei que dar a luz novamente vai me trazer mais uma avalanche de medos e aprendizados necessários. Sei que mais uma vez vou transcender meus limites, e com eles, ser uma pessoa melhor. Sei que dia após dia já transcendo limites corporais, espirituais, emocionais. Estou a cada dia mais perto de me despedir de ser mãe exclusiva da Sarah, e que isso sendo encarado por mim com leveza, transmitirei a mensagem positiva para ela.
Medos, vários deles.. mas a famosa frase do "vai com medo mesmo" me move mais que nunca. Tive experiências profissionais e pessoais durante a gestação que me abalaram profundamente, vi as piores mínimas estatísticas acontecerem diante dos meus olhos, presenciei e vivi muita dor, luto. A cada dia que passa da gestação eu me firmo mais em minhas convicções, que se não fossem verdadeiras, já teriam me levado pro fundo do poço. Mas tenho medos, vários deles.

Os dias vão se passando e eu vou me aninhando, e em certo nivel está me preparando para algo que somente eu e minha família vamos viver. E não faz sentido agregar o restante nesse processo, não neste momento.